Cultura
Conheça a história de Anselmo Ferreira: educação, neurodiversidade e a luta por inclusão
A trajetória de Anselmo Ferreira, 42 anos, é marcada pela superação, pelo compromisso com a educação e pela defesa da neurodiversidade. Pedagogo, psicopedagogo e neurodivergente, ele transformou desafios pessoais em motivação para atuar na promoção da aprendizagem e da inclusão de crianças, jovens e adultos com dificuldades educacionais e cognitivas.
Formado em Pedagogia, Anselmo possui pós-graduação em Psicopedagogia Clínica e Institucional e atualmente está em fase de conclusão de sua segunda licenciatura em Filosofia, além de especializações em Musicoterapia e Autismo. O interesse pelo conhecimento e pelos processos de aprendizagem sempre esteve presente em sua vida, mesmo antes de sua formação acadêmica.
Ainda na adolescência, Anselmo sonhava em cursar Filosofia. No entanto, vindo de uma família em situação de vulnerabilidade social, precisou priorizar o sustento e o ingresso no mercado de trabalho ao chegar à vida adulta. Foi nesse contexto que surgiu sua curiosidade sobre como as pessoas aprendem, o que o levou a escolher a Pedagogia como formação inicial. Durante o curso, o contato com a Psicopedagogia despertou um interesse definitivo pela área.
Aos 25 anos, já no último ano da graduação, Anselmo enfrentou um novo e significativo desafio: uma doença nas córneas que evoluiu para a necessidade de dois transplantes, realizados em 2008 e 2010. O período de diagnóstico, tratamento e recuperação foi decisivo para sua trajetória profissional. “Passei por grandes especialistas, mas também lidei com pessoas que minimamente demonstravam se importar com o outro”, relata. A experiência despertou nele o desejo de cuidar de pessoas por meio da educação e do acolhimento.
Já como psicopedagogo, Anselmo atuou no terceiro setor, especialmente na área da dependência química, tanto em programas sociais no Estado de São Paulo quanto em clínicas particulares. Com o tempo, passou a dedicar-se principalmente ao público infantojuvenil e, posteriormente, ao atendimento de pessoas neurodivergentes.
Foi justamente durante essa atuação que Anselmo passou a identificar em si características singulares, o que o levou à descoberta do Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) na fase adulta. A partir desse reconhecimento, sua atuação profissional ganhou ainda mais propósito. Além de trabalhar em clínicas e hospitais, ele passou a se engajar na luta pela garantia de direitos das pessoas neurodivergentes, unindo vivência pessoal e conhecimento técnico.
Com o estudo como um de seus principais hiperfocos, Anselmo segue investindo na formação contínua para aprimorar sua prática profissional. “Meu objetivo é promover melhorias reais na vida de pessoas que enfrentam dificuldades na aprendizagem”, afirma. Um dos diferenciais de sua atuação é o atendimento a adultos, área ainda pouco explorada na psicopedagogia, da qual se orgulha em fazer parte.
A história de Anselmo Ferreira evidencia como a educação, aliada à empatia e ao conhecimento, pode ser uma poderosa ferramenta de transformação social, inclusão e respeito à diversidade humana.